Ex-comandante da Marinha admite reunião com Bolsonaro para discutir GLO ou medidas adicionais

Almirante Garnier confirma encontro com o ex-presidente e outras autoridades militares para tratar de possíveis ações durante crise institucional

O ex-comandante da Marinha, almirante Almir Garnier, afirmou em depoimento à Polícia Federal que participou de uma reunião com o então presidente Jair Bolsonaro e outros altos oficiais das Forças Armadas para discutir a possibilidade de decretar uma Garantia da Lei e da Ordem (GLO) ou outras medidas “adicionais”. A declaração foi dada no âmbito das investigações sobre a tentativa de golpe de Estado revelada por meio das chamadas “minutas do golpe”.

Segundo o relato de Garnier, o encontro aconteceu no Palácio da Alvorada e contou com a presença do então ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, além dos comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica. O almirante relatou que Bolsonaro apresentou uma proposta que envolvia o uso de dispositivos legais para intervir no processo eleitoral, sugerindo a possibilidade de uma GLO ou de outras providências de natureza semelhante.

Garnier disse ainda que não manifestou resistência à ideia de participar de eventual movimento golpista e que se colocou à disposição, caso fosse necessário. O depoimento, prestado em maio, faz parte da delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, e confirma suspeitas da PF sobre articulações envolvendo militares para anular o resultado das eleições de 2022.

As investigações apontam que a minuta de um decreto para instaurar um estado de exceção teria sido discutida com seriedade pelo núcleo duro do governo Bolsonaro, em uma tentativa de impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva. A delação de Mauro Cid e o depoimento de Garnier reforçam a linha de apuração da Polícia Federal, que já ouviu outros militares e civis ligados ao caso.

A Procuradoria-Geral da República acompanha o avanço das apurações, que podem levar ao indiciamento de diversas autoridades por tentativa de golpe de Estado, inclusive o próprio ex-presidente.

Da Redação, com informações do G1