Trabalho de remoção de árvore derrubada pelo vendaval — Foto: Edilson Dantas / O Globo

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Enel em foco: Lula solicita auditoria e reembolso aos consumidores afetados pelo apagão em São Paulo

Publicado por: Amanda Escorsin | 14 out 2024

Além de culpar a Enel pelos problemas causados pela lentidão no reestabelecimento da energia na capital, prefeito busca responsabilizar Aneel pela não interrupção do contrato da prestadora de serviço

Ricardo Nunes (MDB), atual prefeito de São Paulo e candidato à reeleição, passou o fim de semana buscando afastar-se da responsabilidade pela demora da Enel em restabelecer o fornecimento de energia após o vendaval que atingiu a cidade na sexta-feira (11).

No meio da crise que deixou milhares de paulistanos sem energia e sem previsão de solução, o candidato à reeleição pelo MDB, Ricardo Nunes, recorreu às redes sociais para culpar não só a Enel pelos problemas, mas também o presidente Lula, que apoia seu oponente, Guilherme Boulos (PSOL).

Vestindo o colete laranja da Defesa Civil, Nunes, que enfrentou uma situação parecida em novembro passado, criticou o governo federal por manter a concessão ativa, apesar das frequentes falhas apontadas pela prefeitura. Ele ressaltou que a responsabilidade sobre a concessão da Enel é federal, administrada pelo Ministério de Minas e Energia (MME) e pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), limitando a atuação do município a ações judiciais de cobrança por melhorias.

Em resposta, o ministro Alexandre Silveira, do MME, rapidamente rebateu Nunes pelas redes. “As árvores de São Paulo que caíram sobre as redes elétricas também são responsabilidade federal? O que faz a Aneel, com suas indicações bolsonaristas, que não avança no processo de caducidade que denunciei há meses?”, questionou Silveira.

O ministro ainda negou qualquer tratativa sobre a renovação da concessão da Enel, como Nunes havia insinuado. “No dia do apagão, o ministro Alexandre Silveira, em evento com a diretoria da Enel em Roma, Itália, mencionou a possibilidade de renovar os contratos da Enel no Brasil”, acusou Nunes. Silveira refutou as alegações, classificando-as como falsas: “Não houve qualquer discussão sobre a renovação. Isso sequer está na pauta”, enfatizou.

Tarcísio de Freitas, governador e principal apoiador de Nunes na campanha, também defendeu o prefeito, anunciando que solicitou ao presidente do Tribunal de Contas da União, Bruno Dantas, mais agilidade na análise dos descumprimentos contratuais recorrentes da Enel em São Paulo. Ele também indicou que o Procon-SP notificará a empresa para prestar contas sobre a demora no restabelecimento da energia e esclarecer as medidas para evitar novas ocorrências.

Enquanto isso, Boulos aproveitou o fim de semana para criticar duramente a gestão de Nunes e o que classificou como omissão da prefeitura, especialmente nos bairros periféricos da capital. O tema promete ser destaque no debate na TV Bandeirantes nesta segunda-feira.

A equipe de Nunes, já prevendo os ataques, indicou que a defesa do prefeito será reforçar a responsabilidade federal pela concessão e criticar o governo federal. “Concessão federal, inépcia governamental, omissão do Ministério de Minas e Energia e oportunismo eleitoral — vamos usar tudo isso”, afirmou um aliado.

Boulos, por sua vez, destacou que a Aneel, responsável pela fiscalização da Enel, possui lideranças indicadas pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, que ele acredita serem responsáveis por evitar ações contra a empresa. “Quem pode romper o contrato com a Enel, o que eu defendo, é a Aneel. E quem comanda a Aneel é uma indicação de Bolsonaro. Que o Nunes, apoiado pelo Bolsonaro, peça aos aliados para cancelar o contrato com a Enel”, provocou Boulos.

Silveira ainda relembrou que a poda de árvores é uma responsabilidade municipal, essencial para evitar quedas que agravem a crise energética. “Pergunto ao prefeito: as árvores de SP caídas sobre a rede elétrica também são responsabilidade federal? O que a Aneel tem feito, com indicações bolsonaristas, sobre o processo de caducidade que denunciei?”, repetiu ele, em sua nota.

Da redação, com informações do O Globo

Amanda Escorsin

Graduada em Comunicação Social – Jornalismo pelo Centro Universitário de Brasília (UniCeub), Amanda Escorsin atua como editora-chefe no portal Dama do Poder e atuou como Diretora de Redação no portal Lupa Política. A jornalista que se inspira em contar histórias, escolheu a profissão quando tinha 14 anos de idade e tem como suas paixões empreendedorismo, marketing e mundo corporativo.