COLUNASDireito da Mulher

RELATOS DE UMA ADVOGADA CRIMINALISTA

Publicado por: Ketlenn Priscila | 24 ago 2021

Coluna de Direito da Mulher no Dama do Poder

Por Ketlenn Priscila

Adaptado por Amanda Escorsin

Além de colunista no portal Dama do Poder, Ketlenn Priscila é advogada e empreendedora que lidera e inspira muitos clientes, colaboradores e profissionais ao seu redor. Uma de suas bandeiras, é a do direito das mulheres, no qual se destaca muito em sua carreira.

Leia abaixo um relato um tanto particular e reflexivo de situações vivenciadas pela colunista ao se deparar com a realidade de muitas mulheres já atendidas por ela.

O assunto sobre Direito da mulher é amplo que atinge várias áreas e âmbitos que podem ser demonstrados e discutidos. Iniciamos neste texto, apenas com uma introdução para os nossos mais variados temas e discussões que serão tratados semanalmente.

Quando recebi o convite para cuidar dessa coluna, eu o recebi com carinho, porém senti que precisava ainda mais experiência para ser voz. Hoje sinto que muitas mulheres precisam de ser vozes para outras. E é com esse intuito que damos início à coluna, além do compartilhamento de conhecimentos e experiências

Inicio essa coluna com um coração apertado, uma preocupação quase que desesperadora, mas com uma esperança que essas palavras atinjam, acolham, e encorajam muitos que irão ler.

Ketlenn Priscila, advogada criminalista
Foto: Arquivo pessoal

Não é raro convivermos com as marcas de uma antiga sociedade em que a mulher era vista como a que cuida e zela pelo lar, que é “sábia” pela família, que auxilia e respeita o pai e depois o marido, e que tem a responsabilidade de edificação e cuidado dos filhos. Com a evolução e o passar dos anos, a mulher vem conquistando os seus mais diversos papeis dentro da sociedade, onde é comum convivermos e encontrarmos mulheres que lutam, que se edificam, que empreendem e que atingem os mais altos níveis dentro de um patamar social, que antigamente era quase impossível.


Porém, por mais que hoje convivamos em uma época em que há essa conquista, a luta diária de uma mulher em diversos ambientes é comum e é visível.


Tenho me deparado com os mais diversos casos, da mulher que ainda sofre preconceito dentro do seu ambiente de trabalho, da mulher que sofre na forma como conduz as suas relações pessoais, da mulher que se encontra em um paralelo entre lidar com o machismo dentro de casa e dentro do seu trabalho, e muitas vezes silenciar a sua angústia por medo ou receio de que o resultado do falar se torne um problema ainda maior.


Ao preparar este texto recentemente, me deparei com algumas situações midiáticas que representam o quanto ainda é preciso “mudar” e “atualizar” a mente das pessoas quanto o papel e a liberdade da mulher em suas mais diversas relações, e quando falo em relações não é somente relações amorosas como é mais “comum” ser falado, mas em todas as relações interpessoais, de todas as classes sociais.

CASOS REAIS: “EM BRIGA DE MARIDO E MULHER …

Foto: Arquivo pessoal

Vejamos, no início da semana nos deparamos com mais um caso de feminicídio, no interior de Goiás, em que um ex-companheiro matou sua companheira por não “aceitar” o fim do relacionamento.

Outro recente caso é a absolvição de dois policiais no estado de São Paulo, acusados de um crime de estupro dentro de uma viatura, pois a vítima “não resistiu ao sexo.” Chocante, não é mesmo?!

Nós, mulheres, temos nossa liberdade de expressão, de vontades, e de não-vontades desrespeitadas a todo tempo. Mas por mais difícil que seja, devemos sempre ser VOZES aptas à expor casos para que assim desperte a consciência do respeito à nossa condição de gênero.

Há um esforço bem maior para nós mulheres em se colocar e se impor no mundo, e principalmente em adentrar no mercado de trabalho, um exemplo disso é em um concurso para a área militar, que acaba sendo considerada uma carreira masculina, cujo apenas 10% das vagas são destinadas ao sexo feminino.

O papel da mulher dentro desses ambientes são mínimos. Em ambientes de delegacia, pelos quais eu frequento em diligências ou atendimentos, quase não se vê uma mulher, mas isso é algo que se tornou tão comum, que as pessoas se acostumaram com a ausência feminina. Talvez outra mulher perceba, mas não é o comum, e isso eu considero como costumes de uma sociedade que ainda está em processo para mudar e se atualizar.

Deve existir respeito quando o nosso NÃO é NÃO! Quando ficamos nervosas com algo relativamente sério, é devido algo que realmente nos incomodou, desconfortou ou desrespeitou. Não é somente o tal “histerismo de mulher” ou “TPM atacada” como citam os dizeres populares.

Ketlenn priscila, advogada criminalista

Da Redação

Ketlenn Priscila

Ketlenn Priscila é formada em direito pelo Centro Universitário de Brasília - Uniceub e atualmente é CEO em seu próprio escritório de advocacia, tendo como suas principais áreas de atuação o direito imobiliário, criminal e civil. Aqui, traz as atualidades jurídicas se tratando de temas voltados para o direito da mulher.