Foto: Acervo pessoal
Publicado por: Carol Castro | 9 abr 2021
Caso ocorreu em Ceilândia na última segunda-feira (29)
Por Carol Castro
Após ser erroneamente diagnosticada com uma simples infecção na garganta, Maryanna Assis de Brito, de 4 anos e 10 meses, faleceu na última segunda-feira (29), em Ceilândia. Segundo a mãe, Taynara Assis de Melo, a filha se queixava de dores na cabeça e no pescoço desde o dia 20 de março. “Muitas pessoas me perguntaram o motivo da morte da minha pequena Mary. A verdade é que minha filha teve atendimento negligenciado em todos os hospitais em que a levei”, desabafa Taynara.
Maryanna faleceu as 11h50 da noite de segunda-feira (29), mas só teve o corpo liberado pelo hospital as 17h da quarta-feira (31).
A mãe relatou que após Maryanna passar pela avaliação da pediatra que estava em plantão no Hospital Materno Infantil de Brasília (HMIB), não apresentou melhora alguma do quadro, mesmo tendo sido medicada com doses intravenosas de dipirona para a dor e comprimidos de amoxilina para a garganta.
Dispensada do hospital e já em casa, após algumas horas a menina passou a apresentar reclamações ainda mais intensas. “Fiquei mais nervosa ainda. Levei ela para o hospital do Guará, onde ela foi atendida pelo pediatra de plantão que disse que ela estava com suspeita de meningite, mas ele não pediu exame nenhum”, conta Tanara. Foi aí que Maryanna foi encaminhada para o Hospital de Base, localizado na Asa Sul.
Me disseram que ela tinha que consultar um ortopedista, já que as dores não paravam. Ficamos horas na espera até conseguir fazer os raio x, que não acusaram nada.
Taynara Assis de Melo, mãe de Maryanna
Doença sem nome
Dessa vez, quando encaminhada para um neurocirurgião, Maryanna passou mais uma vez por exames a fim de determinar a causa de seu mal-estar. Em uma cadeira de rodas, a menina tirou tomografias que levaram o médico a suspeitar de uma inflamação no músculo do pescoço, o que a levou a colocar um colar cervical.
Mais uma vez, um encaminhamento foi dado para a menina: dessa vez, para o Hospital da Criança, localizado no Noroeste, indicando dor na lombar. Após o ocorrido, já em casa, Maryanna continuava a reclamar de dores incessantes. “Eu acreditei no médico quando ele disse que ela estava “bem”, que não era nada sério”, relembra Taynara, entre lágrimas.
Na segunda (29), Taynara buscou ajuda para a filha pela última vez, desta vez no Hospital Regional da Ceilândia. De acordo com a mãe da menina, o lado direito do rosto da criança estava inchado e a menina não conseguia mais enxergar com um dos olhos. “Ela não queria mais comer ou beber água, só ficar deitada. Não aguentava mais de dor.”
Na unidade hospitalar, Maryanna realizou outros exames sanguíneos e recebeu uma nova leva de medicações intravenosas. Posteriormente, a menina teve que ser intubada e transferida para o Hospital da Criança de Brasília (HCB). Durante o trajeto, Maryanna não resistiu, tendo uma parada cardíaca e vindo a óbito.
Segundo relata o pai da menina, Jalisson Silva de Brito, nenhuma das unidades hospitalares repassou o resultado dos exames realizados pela menina para a família. “Só nos falaram que poderia ter sido uma bactéria que pode ou não causar a meningite, mas não confirmaram nada. Nem mesmo no dia do enterro dela nós ficamos sabendo a causa com certeza”, desabafa.
“Acredito que se tivessem feito o exame de meningite nela no Hospital do Guará poderiam sim ter salvado a vida da minha filha. Não souberam tratar meningite como deviam e agora estou aqui sem ela, que era tudo pra mim. Tenho certeza de que foi negligência médica porque o prontuário do Hospital de Base sumiu e lá não consta mais nada.”
Taynara Assis de Melo, mãe de Maryanna
Taynara informou, ainda, não possuir nenhum documento que comprove a estada da filha no hospital. Procurados pela redação até o fechamento desta matéria, as unidades hospitalares citadas não se pronunciaram.
Da Redação
Graduada em Comunicação Social - Jornalismo pela Universidade Católica de Brasília, Carol Castro tem passagem por assessoria de imprensa, redação e rádio.