Publicado por: Amanda Escorsin | 23 maio 2024
Indignação entre os indígenas é nítida após a criação da comissão externa da Câmara dos Deputados para investigar a crise humanitária na Terra Yanomami.
Segundo o comunicado de repúdio divulgado no início da semana por diversas entidades que representam os povos da região, os parlamentares inicialmente designados são contrários à demarcação de terras e apoiam agendas que atentam contra os direitos das populações indígenas. Em resposta à mobilização, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP), optou, nesta quarta-feira (22), por incluir Célia Xakriabá (PSOL) como membro da comissão.
Com essa nova nomeação, o grupo passa a contar com 16 participantes. “Fui a primeira congressista a visitar o território em 2023 para acompanhar a gravíssima crise, resultante do aumento de 54% do garimpo ilegal e do genocídio incentivado pelo governo [Jair] Bolsonaro. Seria, no mínimo, contraditório se eu não fizesse parte da comissão”, expressou Célia Xacriabá em suas redes sociais.
A comissão externa foi estabelecida por meio de ato da presidência da Câmara dos Deputados, assinado por Lira em 13 de maio. O texto é breve. Apenas menciona que o propósito é acompanhar as autoridades competentes na investigação e apuração da crise humanitária dos yanomami.
Nessa segunda-feira (20) Houve um texto divulgado por quatro entidades, a Hutukara Associação Yanomami (HAY), Urihi Associação Yanomami (URIHI), Associação Parawami Yanomami (Parawami) e a Associação Wanasseduume Ye’kwana (Seduume). Outras 78 organizações sociais subscreveram a nota. “Manifestamos nosso repúdio e indignação por mais uma ação truculenta da Câmara dos Deputados que, longe de manifestar preocupação e compromisso com nosso povo, pretende utilizar a dor e a morte do povo Yanomami e Ye’kwana para objetivos simulados de disputas políticas e de defesa do garimpo e da mineração em territórios indígenas”
As entidades solicitaram que o Judiciário declare a inconstitucionalidade da Lei Federal 14.701/2023. Também cobram do governo a intensificação de ações contra o garimpo e o fortalecimento do atendimento de saúde aos povos da região. Por fim, reivindicam que o Poder Legislativo respeite os territórios yanomami e cesse “sua ofensiva imoral contra os direitos dos povos indígenas”.
Nem a presidência da Câmara dos Deputados e nem o gabinete do deputado Arthur Lira se manifestaram.
Da redação, com informações da Agência Brasil.
Graduada em Comunicação Social – Jornalismo pelo Centro Universitário de Brasília (UniCeub), Amanda Escorsin atua como editora-chefe no portal Dama do Poder e atuou como Diretora de Redação no portal Lupa Política. A jornalista que se inspira em contar histórias, escolheu a profissão quando tinha 14 anos de idade e tem como suas paixões empreendedorismo, marketing e mundo corporativo.