Imagem: Mike Segar/Reuters
Publicado por: Amanda Escorsin | 4 out 2024
Para a Moody’s, o instrumento de contenção da dívida do governo, o arcabouço, precisa de ajustes já para reduzir o crescimento da despesa obrigatória
A recente elevação da nota do Brasil pela agência de classificação de risco Moody’s foi recebida como uma boa notícia, mas com certo ceticismo por parte de analistas do mercado. Para essa parcela de economistas e pesquisadores, os indicadores sugerem que o caminho até o grau de investimento ainda é longo, tornando menos provável que o país o alcance nos próximos anos.
Apesar das dúvidas, a busca pelo grau de investimento reforça a posição da equipe econômica em defender a necessidade de ajustes na política fiscal, ajudando a superar resistências internas no governo.
O que gera incertezas?
PIB (Produto Interno Bruto): O que todos querem saber é se a surpresa positiva do crescimento do Brasil nos últimos dois anos se sustenta em uma prazo maior. Para a Moody’s, o desempenho econômico no Brasil está surpreendendo positivamente desde 2022 devido a fatores cíclicos e ao impacto de reformas estruturais. Para os céticos em relação ao grau de investimento, o crescimento da economia é insustentável em um prazo maior porque ele está turbinado por gastos públicos, o que numa economia de pleno emprego é inflacionário (o que por sua vez leva o BC a elevar os juros para conter a inflação, o que também freia o crescimento).
Para o crescimento do emprego não ser inflacionário, a remuneração do trabalho teria que aumentar na mesma produção da produtividade no trabalho, o que não ocorre hoje no Brasil. Outro sinal de insustentabilidade de crescimento é a rentabilidade das empresas, que está em queda, assim como as exportações em proporção do PIB.
Dívida: Outro risco que está sendo monitorado é a trajetória da dívida do governo brasileiro e se a âncora fiscal, hoje o arcabouço, será ajustada para também ser sustentável ao longo do tempo. O aumento dos gastos públicos (benefícios sociais, ganho real do salário mínimo, vinculações e indexações)
Por que a Moody ‘s elevou a nota do Brasil?
A agência levou em conta o crescimento da economia do Brasil acima das expectativas, a melhora do perfil do crédito e também a maior previsibilidade nas políticas fiscais. Os dados em que o Brasil está melhor dos seus pares na classificação são os resultados do PIB nominal, da balança comercial, o volume das reservas internacionais e a necessidade de financiamento externo. A elevação da nota não deve ser acompanhada, por enquanto, por outras agências de risco.
Da redação, com informações do UOL
Graduada em Comunicação Social – Jornalismo pelo Centro Universitário de Brasília (UniCeub), Amanda Escorsin atua como editora-chefe no portal Dama do Poder e atuou como Diretora de Redação no portal Lupa Política. A jornalista que se inspira em contar histórias, escolheu a profissão quando tinha 14 anos de idade e tem como suas paixões empreendedorismo, marketing e mundo corporativo.